quarta-feira, 10 de junho de 2015

Dia de Portugal

Somos feitos de nostalgia, tradições e contradições. Amamos o nosso sol costeiro e o areal das praias onde o mar presta a sua veneração aos descendentes de Pedro e Vasco. Sem que eles se apercebam. Gostamos de bacalhau, estrangeiro, e da sardinha, bem portuguesa! Conquistámos meio mundo e partimos para máres nunca antes navegados há tantos anos atrás, e hoje, quando procuro no português esses traços de coragem e bravura não os vejo nesta escala. Vejo-os no dia à dia, nos que ficam, apesar de tudo, nos que lutam, mesmo com pouco, e nos que nunca se conformam com o actual estado das coisas. Talvez o mundo já esteja pequeno demais para Pedro e Vasco, mas nunca estará para os que nascem nesta terra no fim da Europa. Não sei se a isso se chamará orgulho ou patriotismo, mas quando me perguntam de onde sou a minha resposta é iluminada. Quando me perguntam de onde sou não me lembro dos políticos incompetentes ou dos ladrões de colarinho branco, nem tão pouco dos problemas do dia a dia. Quando me perguntam de onde sou lembro-me da terra, do sol, do mar e deste vento que tem sabor a casa. O que Afonso sonhou quando saiu debaixo das saias da mãe não é o que somos hoje com toda a certeza, mas este lugar a que chamamos casa tem um sabor especial, uma magia especial, que hoje celebramos e da qual nos orgulhamos diariamente. Sou Portuguesa, como o Pedro, o Vasco, o Luís e como o foi o primeiro Afonso. E tenho orgulho em sê-lo, e digo-o aos ventos e às marés, porque esta minha terra é metade de quem sou e levo-a comigo e celebro-a com orgulho e um sorriso.
10 de Junho. Feliz dia de Portugal!

sábado, 6 de junho de 2015

A casa que sou

Mostrar-te-ei todos os cantos de mim. Dos cantos escuros às varandas iluminadas pelo sol. Ficarás com medo no final, sei-o porque te sei. Não tenhas medo. Os cantos da casa que sou e que te mostro, irás amá-los e conhecê-los e senti-los, mesmo que estejas longe. Porque a casa que sou é o tecto onde te abrigas quando o mundo não é o que planeaste. A casa que sou tem todas as cores que me compõe e que te preenchem. A casa que sou é onde moras. É onde viverás, sempre. 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Dia-a-dia

Dias longos, muitas horas de trabalho. Chegar a casa, deixar as roupas do dia e as situações do dia e as preocupações do dia. Beijinhos e amor à Amora. Que espera pacientemente todo o dia pelo amor, carinho, loucura e comida que trago comigo. Beijinhos à Amora, que dá muito mais do que exige de volta. Que preenche quando tudo parece estar ocupado e ter um lugar.
Comer. Não te esqueças de comer. Tanta preguiça. Tanta fome.
E o trabalho a fazer em casa. E a casa para aproveitar. E as luzes da cidade na janela.
As horas passam. Assim como a exaustão.
Nos dias da rua, a corrida gasta o que resta de energia do dia a dia. Os pés no asfalto, a respiração acelerada, o coração a bater mais depressa para colmatar o esforço das pernas e dos pés. Por vezes o cansaço compensa as repetições do quotidiano. A superação de algo pessoal, e tão banal para outros, mas que é uma vitória suada para quem começa agora.
Os sorrisos, as amizades e as alegrias partilhadas por aqueles que dividem um amor difícil de explicar. A cumplicidade entre aqueles que se estão a conhecer. O aspirar ao futuro e o tentar mais e melhor sempre a acreditar que caminhamos para a frente e para uma vida melhor. Para sermos mais e melhor. Sempre.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

#runner

Foram 7 kg em 4 meses. Foram mais de 130 kms corridos desde Janeiro. Não parece muito, na verdade, não é muito. Mas nota-se bem a diferença! Foi lento, como deve ser, com a ajuda dos sopros de todos os dias. A roupa fica larga e alguma deixa de ser usada. As pernas estão mais fortes e os 5 kms 2 a 3 vezes por semana começam a saber a pouco. A ideia inicial era perder peso, mas era também mais do que isso. A ideia inicial era ser melhor, mais forte e usar a corrida como o meu tempo pessoal, a minha meditação e inspiração.
Não acredito em muitas coisas além do mundo dos sentidos, não é falta de fé, longe disso, é fé noutras coisas. Fé nas coisas tangíveis, alcançáveis e, principalmente, fé nas coisas modificáveis. Mesmo que eu quisesse muito acreditar em deuses, luzes e outros que tais, não consigo. É mais forte do que eu, não tenho fé naquilo que tira das minhas mãos as minhas decisões. Assim, ser melhor e mais forte não dependia de acreditar em nada além de mim. Acreditar que a leveza e a liberdade que sinto enquanto corro é real e capaz de mudar o meu mundo. Acreditar que o impacto na minha perna, por vezes pouco confortável, está a moldá-la, a fortalecê-la e a redefini-la numa melhor versão dela própria. Parece tolo dito assim, mas o treino do corpo e o treino da mente são, em muitas vertentes, iguais. Requerem perseverança, insistência e, para serem mantidos, requerem frequência. Correr é mais do que perder peso ou ficar com as pernas mais fortes e rápidas. Correr é um exercício da mente, do controlo da mente sobre o corpo e, principalmente, do controlo da mente sobre a vida. Quando corro tudo faz mais sentido, tudo é mais fácil, mais real, mais tangível. E é aí que reside a minha fé.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Amanhã

Amanhã há um eclipse solar, uma super-lua e é o equinócio da primavera. Amanhã entro de férias, as primeiras férias de 3 semanas da minha vida, e vou fazer 350 kms ao final do dia. Amanhã ficam as malas semi-feitas para a primeira saída do velho continente para o continente mais velho ainda. Não estou nervosa, não estou ansiosa, acho que o cansaço me deixou meio apática e só acredito que vou mesmo quando estiver a fazer escala em Doha. Tenho mil e uma coisas para fazer e estou sentada no sofá, com os olhos quase a fechar, enquanto escrevo estas palavras. Seguimos muitos caminhos e quando estamos a tomar decisões nem nos apercebemos do quanto estas podem moldar a nossa vida. Queremos ser mais e melhores, mas o cansaço é tanto que acabamos por cair em armadilhas que a nossa própria mente nos prega. O cansaço e o desejo. Nunca acreditei que é preciso fugir das coisas para as resolver, acredito mesmo no contrário. Mas talvez o mundo não seja feito à minha medida, e aprender a vê-lo, também, pelos olhos dos outros seja a maneira certa de caminhar. Não é que não se queira, tantas vezes, tomar aquele trilho, fazer aquela corrida, deixar aquela mão, que não está estendida nem recolhida. Não é que não se queira, agir como se pensa, sentir como se vê.  Não fujo, mas vou. Vou porque o trilho, seja ele qual for, está lá à frente. Necessita de movimento para ser alcançado. Movimento além do circular. Vou porque a coragem nunca me faltou, embora tantas vezes fraqueje sobre o peso do mundo. Vou porque não sei ser de outra maneira que não esta, porque não sei aceitar sem questionar e porque temos que ir para aprender. Vou pela amizade, pelo amor, pela terra, pelo mar, pela cultura, pela diferença, pelos tigres e pelas aranhas panadas. Vou pela diferença e pela aprendizagem. Vou, porque não fujo, mas preciso da distância. O outro lado do mundo nunca me pareceu tão perto, nem tão feliz.
Vou, porque sou, e vou continuar a ser, mas mais e melhor.
Vou.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Era para ser sobre felicidade e afinal é sobre livros

«Não é fácil ter uma vida feliz», diz Tal Ben-Shahar, (...) «É fácil de compreender o que é preciso fazer para ter uma vida mais feliz, mas é difícil de aplicar de forma consistente e duradoura na vida pessoal e profissional. E depois há a questão das expetativas: aquilo que é entendido como felicidade. O sofrimento, a tristeza ou a dor também fazem parte da vida. Há apenas dois tipos de pessoas que não os sentem. Os psicopatas e os mortos. Ter uma vida feliz não significa ter uma vida sem dificuldades ou sofrimentos.»

E é com esta frase, que resume basicamente tudo, que me fico. Gosto especialmente quando ele diz que não é fã de livros de auto-ajuda. Também não sou. Nem gosto ou entendo a filosofia do não esperar nada e aceitar tudo. Não é assim que funciona, a meu ver, a felicidade. Temos que esperar algo, a que aspiraríamos se assim não fosse. Não temos que aceitar tudo, podemos lutar contra algumas coisas, ou simplesmente eliminá-las da nossa vida. Podemos escolher ser uma pessoa melhor. Todos os dias. 
Não critico quem encontra nesses livros alento ou até a solução. Apenas acho que um clássico dá tantas respostas e menos mimimimi. A diferença é, que ao invés de encontrarmos as respostas para as nossas lutas e problemas ou situações, encontramos ferramentas (várias perceba-se) para conseguirmos superar os objectivos. Sei que muitos de vós irão dizer, há mas isso também está lá escrito! Não sei se está. Não vou ler nenhum livro de auto-ajuda. Recuso-me. Se é tacanho da minha parte, talvez, se é preconceito, é-o com toda a certeza. E não o lerei pela mesma razão que jamais lerei Margarida Rebelo Pinto ou Pedro Chagas Freitas. Passo a explicar. Nada tenho, pessoalmente, contra tais autores ou formas de literatura (excepto talvez contra a Margarida, a criatura enerva-me um bocado...). O que acontece é que não gosto de floreados para dizer coisa nenhuma. Não gosto de figuras de estilo ou presunções a profundidade quando esta não está presente. Não me interpretem mal, eu gosto de complexidade e de profundidade e até da simplicidade honesta. Tenho nisso os exemplos do "Nenhum Olhar", do Zé Luis, o "Kafka à beira mar" do Murakami e "O rapaz do pijama às riscas" do John Boyne. E é por isso que jamais os lerei. Não gosto do que anuncia e não cumpre, não gosto de farsas, não gosto do que parece mas não é.

Perdoem-me se gostam de algum livro ou autor que mencionei acima de forma negativa. É deles que não gosto e não do facto de vocês gostarem deles. Mas somos pedacinhos do que lemos e levamos tanto disso na nossa alma que quero mais, não me quero contentar. Pode ser preconceito, assumo. Mas é assim que sou. 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

This is what I want...

"We realize that this more we want is a lie. We want phone calls. We want to see a face we love absent of the blue dim of a phone screen. We want slowness. We want simplicity. We want a life that does not need the validation of likes, favorites, comments, upvotes. We may not know yet that we want this, but we do. We want connection, true connection. We want a love that builds, not a love that gets discarded for the next hit. We want to come home to people. We want to lay down our heads at the end of our lives and know we lived well, we lived the fuck out of our lives. This is what we want even if we don’t know it yet."

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Expectativas

Aceito, com um certo humor, as pessoas que afirmam não ter expectativas sobre nada. Como se isso fosse possível... A própria ausência de expectativas, é, em si, uma expectativa. Um pouco como a galinha e o ovo, e qual nasceu primeiro, é muito difícil não esperar nada. É muito difícil, senão impossível, ter ausência de esperança sobre qualquer coisa.
Acho sim, possível, a melhor ou pior adaptação ao resultado.
Quando saímos de manhã, esperamos que esteja sol, que seja um dia bom, que tenhamos alguma alegria ou coisa boa durante o dia. Não pensamos muito nisso, é-nos intrínseco esta capacidade de esperar algo de alguma coisa. Como seria o futuro se assim não fosse? Como é possível evoluir sem sonhar? E o que será o sonho, mais do que uma expectativa acerca do futuro?
Existem, pois claro, almas mais iluminadas, ou quem sabe adaptadas, à realidade do dia a dia. E, por possuírem tal virtude, as expectativas pesam-lhes menos. Ou com mais serenidade.
Não pertenço a esse pedaço de humanidade. Pertenço àquele pedaço que sonha, que deseja, que se decepciona por esperar algo de maravilhoso de todas as visões da humanidade. Talvez sofra mais, nas contas finais. Talvez tenha um caminho mais acidentado. Mas digo-vos, por experienciar tudo com especial consciência, que a ausência de sentir é uma morte em vida. Que não esperar nada em troca, simplesmente não existe. Até de nós próprios esperamos algo, ao nada esperar dos demais.
Sei que muitas vezes sou intensa, outras tantas demasiado, e, uma vez por outra, apenas chata. Não o sou por vós ou por vossa causa. Sou-o por mim. Por aquilo que vibra dentro de mim. Não espero que entendam, apenas tenho a expectativa, que aqueles que me amam me aceitem. Tal como vos aceito de volta, sem prisões nem cobranças. Não é fácil, ninguém disse que era. Mas, dar sem esperar, não existe. E, diz-vos isto, alguém que retira o maior dos prazeres da dádiva. Seja de sangue, amor ou presença. Simplesmente não existe dar sem receber. Por muito que nos queiram convencer disso as novas tendências do conhece-te a ti próprio.
É bonito aspirar ao amor próprio e ao viver independentemente do outro. Mas não existe isso do amar sem esperar nada em troca. Amar é, em si, dar e receber. Por isso o amor acaba. Por isso um novo amor existe. Porque tudo o que dividimos tem volta. Porque tudo o que damos, regressa. Porque, tal como Newton descreveu "every action as an equal and oposite reaction". Verdade na física e na vida. E, como em todas as coisas, a natureza se espelha em nós. O amor que damos é o mesmo que recebemos. Mesmo que o recipiente e o ofertante não sejam os mesmos. Mesmo que a situação mude. Amar é um sistema fechado. Trabalha de encontro à entropia do equilíbrio. E, por isso, quanto mais damos, mais recebemos. Quanto mais somos, a mais aspiramos e mais faremos por um futuro feliz.
Por isso, não me venham com conversas que dar sem receber é amor. Não é, é apenas desperdício. Amar tem sempre volta. Tal como dar, implica esperar algo em troca. Sou intensa e confusa, e por querer explicar tanto acabo, muitas vezes por não dizer nada que vos chegue. Apenas gostava que se lembrassem que esperamos sempre que amamos. E é assim que deve ser.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Correr

Não sei explicar ao certo quando nasceu em mim o gosto por correr. Desde que me lembro que gosto de correr. Não corri mais durante a minha adolescência por achar que tinha pouca condição física e que essa era a razão para me cansar tanto. Afinal, anos mais tarde, vim a descobrir que a causa era asma mesmo. Essa parte tratada, faltava apenas vencer a inércia de sair do sofá.
Apesar da mudança do ano civil não ter nada de real, em total sinceridade é apenas um marco intelectual que facilita o registo do passar dos anos. Sim, é o tempo que a terra executa uma translação, mas pode começar a qualquer altura e terá o mesmo valor para o sistema solar. Aqui o marco do início do ano é importante para nós seres pensantes, que o utilizamos tantas vezes para vencer a estagnação que se apodera de nós quando nos adaptamos ao quotidiano.
Foi com isto em mente, este prazer ao correr e o início do ano, que comecei a correr. À séria. Duas a três vezes por semana, quatro quando as pernas, a vontade e o horário permitem. Comecei com 3,5km, passei para 4, 5 e agora nos 6. Quando estabeleço um marco em quilómetros, tento novamente, mas mais rápido, e depois os quilómetros e depois a velocidade e assim sucessivamente.
O que acontece quando corro é a liberdade. A pressão o pé na calçada, a leveza das pernas, mesmo quando exaustas, é como se tivéssemos nascido para correr e andássemos enganados à tanto tempo. O cansaço é bom, a força que damos a nós próprios nos metros finais do nosso objectivo deveria ser um mantra para a vida. Vá lá, tu consegues, são só mais uns metros, é só mais um bocadinho, vá lá Cris, nada é impossível. Só mais um bocadinho e depois o prazer. Do objectivo alcançado, das endorfinas em circulação, do sorriso da vitória pessoal, das pernas que ardem e doem, mas que estarão mais fortes na próxima vez. Sim, correr é como a vida. Sempre para a frente, sempre mais e melhor, sem sacrifício é impossível e quando somos persistentes e apaixonados vencemos sempre. E haverá vitória mais saborosa do que vencer o que fomos ontem para podermos ser amanhã?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Esta coisa da tecnologia

Desde há uns tempos para cá que tenho vindo a reflectir sobre isto. O efeito da tecnologia na nossa desumanização. No trabalho tem acontecido casos do mais surreal que pode haver, desde pessoas a perguntar se podem interromper o exame para atender o telemóvel (ao que a resposta foi um não sonoro) a outras que simplesmente saiem da sala para atender chamadas sem dar cavaco ou explicação. Perdemos o juízo, só pode. 
Perdemos o juízo e a paciência. Não temos tolerância para esperar por respostas ou por adiar as nossas. Não fazemos ações difíceis pessoalmente onde um toque e um olhar são essenciais. Fazêmo-las por sms. Não há o toque que aquece e conforta, não há o olhar que apazigua e responde a tantas ou mais perguntas do que a boca. Simplesmente não há nada do que nos torna humanos. A proximidade e a compaixão pelo outro. 
Quantas vezes somos mal interpretados?! Quantas vezes coisas importantes e essenciais ficam entre um LOL e um smile :/ 
Quantas vezes evitamos o nosso próprio sentir porque há coisas que não conseguimos disfarçar?! E não olhar alguém nos olhos torna tudo mais fácil. 
Para mim esta é a pior desvantagem da tecnologia, da evolução. Estamos mais egoístas. Pouco nos importa quem está no outro lado da linha, desde que deste, o risco seja pouco. Desde que deste a minha zona de conforto esteja garantida. Desde que eu arrisque menos do que ganho. 
Mas um olhar de amizade, compreensão, de paixão ou de desejo valem muito mais do que todas as inseguranças do mundo. 
Não deixa de ser irônico que muitos de vós irão ler este texto no telemóvel, mas que esta mensagem chegue a vós com o calor de um abraço e o sorriso de um olhar. O meu, para vocês. 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Adopção plena por homossexuais chumbada

É estúpido, e não faz sentido. Mas tenho lido muitos comentários que ter duas mães/pais é melhor que não ter nenhum. Desculpem mas não acho que essa seja a abordagem correcta, porque a questão não é essa. A questão é ter pais! Pais que são um casal, que se respeitam e amam e que acima de todas as coisas amam o seu filho, mesmo que não tenham o mesmo sangue. Não é o menor de dois males, não é porque é melhor ter dois pais/mães do que estar institucionalizado. A questão é um casal ter direito de amar uma criança que alguém não quis, que ficou sozinha no mundo ou que alguém não cuidou/maltratou. A questão é a criança ter o direito de ser amada por quem a quer, inquestionavelmente, é a criança ter direito a ser criada com amor, a ter quem a escolha primeiro e acima de todas as coisas, é ter direito a um futuro e a um tecto, a uma casa, a uma família. Se o casal é heterossexual ou homossexual nem deveria ser questão. 
Daí achar esta decisão tão estúpida, tento todos os dias ser melhor para poder ter um país melhor, fico triste quando vejo que somos pequenos/tacanhos nas questões maiores. frown emoticon

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Poetisa favorita

Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia 
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
Sophia Mello Breyner Andresen

domingo, 11 de janeiro de 2015

Amora

Nova companhia cá em casa.

Gosta de ver séries no computador, deitada ao meu lado. Gosta de se deitar nas minhas pernas enquanto leio deitada no sofá. Miou muito hoje porque a casa é diferente e a companhia também. Mas já anda atrás de mim como uma sombra, e se por acaso saio da divisão onde estamos as duas vem a miar atrás de mim como quem diz "então e eu, fico aqui sozinha?".

Conheço-a pessoalmente há umas horas e já estou apaixonada.

Amora.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Uma moeda tem sempre dois lados

Cranky Old Man

What do you see nurses? . . .. . .What do you see?
What are you thinking .. . when you're looking at me?
A cranky old man, . . . . . .not very wise,
Uncertain of habit .. . . . . . . .. with faraway eyes?
Who dribbles his food .. . ... . . and makes no reply.
When you say in a loud voice . .'I do wish you'd try!'
Who seems not to notice . . .the things that you do.
And forever is losing . . . . . .. . . A sock or shoe?
Who, resisting or not . . . ... lets you do as you will,
With bathing and feeding . . . .The long day to fill?
Is that what you're thinking?. .Is that what you see?
Then open your eyes, nurse .you're not looking at me.
I'll tell you who I am . . . . .. As I sit here so still,
As I do at your bidding, .. . . . as I eat at your will.
I'm a small child of Ten . .with a father and mother,
Brothers and sisters .. . . .. . who love one another
A young boy of Sixteen . . . .. with wings on his feet
Dreaming that soon now . . .. . . a lover he'll meet.
A groom soon at Twenty . . . ..my heart gives a leap.
Remembering, the vows .. .. .that I promised to keep.
At Twenty-Five, now . . . . .I have young of my own.
Who need me to guide . . . And a secure happy home.
A man of Thirty . .. . . . . My young now grown fast,
Bound to each other . . .. With ties that should last.
At Forty, my young sons .. .have grown and are gone,
But my woman is beside me . . to see I don't mourn.
At Fifty, once more, .. ...Babies play 'round my knee,
Again, we know children . . . . My loved one and me.
Dark days are upon me . . . . My wife is now dead.
I look at the future ... . . . . I shudder with dread.
For my young are all rearing .. . . young of their own.
And I think of the years . . . And the love that I've known.
I'm now an old man . . . . . . .. and nature is cruel.
It's jest to make old age . . . . . . . look like a fool.
The body, it crumbles .. .. . grace and vigour, depart.
There is now a stone . . . where I once had a heart.
But inside this old carcass . A young man still dwells,
And now and again . . . . . my battered heart swells
I remember the joys . . . . .. . I remember the pain.
And I'm loving and living . . . . . . . life over again.
I think of the years, all too few . . .. gone too fast.
And accept the stark fact . . . that nothing can last.
So open your eyes, people .. . . . .. . . open and see.
Not a cranky old man .
Look closer . . . . see .. .. . .. .... . ME!!

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A nurse for the past 48years replies.......
What do we see you ask....what do we see
Yes,we are thinking whilst looking at thee!
We may seem to be hard when we hurry and fuss....but there's too many of you and so few of us

We would love much more time to sit by you and talk,to bathe you and feed you and to help you to walk.
To hear of your lives and the things you have done,your childhood,your wife your daughter your son,
But time is against us,there is too much to do...patients too many and nurses too few.
We grieve when we see you so sad and alone...with nobody near you,no friends of your own.
We feel all your pain and know of your fear,that nobody cares now your end is near.
But nurses are people with feelings as well and when we're together you'll hear often tell of the dearest old gran in the very end bed and the lovely old Dad and the things that he said.
We speak with compassion and love and feel sad.
When we think of your lives and the joy you have had.
When the time has arrived for you to depart.you leave us behind with an ache in our heart....

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

2015

Entre amigos e sorrisos, com mesa farta e corações cheios de alegria e vontade de mudança. Muita música e dança.
E bateu a meia-noite.
Gritos, festejos, banho de espumante, confetis pelo ar e muitas gargalhadas. Vencemos o frio e o brilho do gelo que cobria os carros. Rimos com o excesso de bebida e de alegria em cada um de nós. Abraços, beijinhos e sorrisos. Tanta harmonia num grupo de pessoas tão diferente. Amigos.
Amanheceu quando me deitei. Quando vim à rua o sol recebeu-me no novo ano com calor e brilho. Um calor doce que me chamou à rua. Sol na cara, beijinhos aos amigos, muitas pessoas na rua e uma serenidade que é difícil de explicar.
O rio, as casas, as gaivotas e os remoinhos da corrente do Sado. As pontes, os arrozais e as cores do céu com o descer do sol.
Se pudesse ter pedido um início de ano mais perfeito não teria sido possível. Que o resto do ano seja tão maravilhoso e carregado de coisas boas como o dia que hoje passou.
A nossa casa é a nossa pele. Poderemos deambular pelo mundo, mas voltaremos sempre ao lugar em que nascemos se soubermos quem somos, mesmo que não saibamos exactamente para onde vamos.
Feliz Ano Novo de 2015!