segunda-feira, 20 de abril de 2015

Dia-a-dia

Dias longos, muitas horas de trabalho. Chegar a casa, deixar as roupas do dia e as situações do dia e as preocupações do dia. Beijinhos e amor à Amora. Que espera pacientemente todo o dia pelo amor, carinho, loucura e comida que trago comigo. Beijinhos à Amora, que dá muito mais do que exige de volta. Que preenche quando tudo parece estar ocupado e ter um lugar.
Comer. Não te esqueças de comer. Tanta preguiça. Tanta fome.
E o trabalho a fazer em casa. E a casa para aproveitar. E as luzes da cidade na janela.
As horas passam. Assim como a exaustão.
Nos dias da rua, a corrida gasta o que resta de energia do dia a dia. Os pés no asfalto, a respiração acelerada, o coração a bater mais depressa para colmatar o esforço das pernas e dos pés. Por vezes o cansaço compensa as repetições do quotidiano. A superação de algo pessoal, e tão banal para outros, mas que é uma vitória suada para quem começa agora.
Os sorrisos, as amizades e as alegrias partilhadas por aqueles que dividem um amor difícil de explicar. A cumplicidade entre aqueles que se estão a conhecer. O aspirar ao futuro e o tentar mais e melhor sempre a acreditar que caminhamos para a frente e para uma vida melhor. Para sermos mais e melhor. Sempre.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

#runner

Foram 7 kg em 4 meses. Foram mais de 130 kms corridos desde Janeiro. Não parece muito, na verdade, não é muito. Mas nota-se bem a diferença! Foi lento, como deve ser, com a ajuda dos sopros de todos os dias. A roupa fica larga e alguma deixa de ser usada. As pernas estão mais fortes e os 5 kms 2 a 3 vezes por semana começam a saber a pouco. A ideia inicial era perder peso, mas era também mais do que isso. A ideia inicial era ser melhor, mais forte e usar a corrida como o meu tempo pessoal, a minha meditação e inspiração.
Não acredito em muitas coisas além do mundo dos sentidos, não é falta de fé, longe disso, é fé noutras coisas. Fé nas coisas tangíveis, alcançáveis e, principalmente, fé nas coisas modificáveis. Mesmo que eu quisesse muito acreditar em deuses, luzes e outros que tais, não consigo. É mais forte do que eu, não tenho fé naquilo que tira das minhas mãos as minhas decisões. Assim, ser melhor e mais forte não dependia de acreditar em nada além de mim. Acreditar que a leveza e a liberdade que sinto enquanto corro é real e capaz de mudar o meu mundo. Acreditar que o impacto na minha perna, por vezes pouco confortável, está a moldá-la, a fortalecê-la e a redefini-la numa melhor versão dela própria. Parece tolo dito assim, mas o treino do corpo e o treino da mente são, em muitas vertentes, iguais. Requerem perseverança, insistência e, para serem mantidos, requerem frequência. Correr é mais do que perder peso ou ficar com as pernas mais fortes e rápidas. Correr é um exercício da mente, do controlo da mente sobre o corpo e, principalmente, do controlo da mente sobre a vida. Quando corro tudo faz mais sentido, tudo é mais fácil, mais real, mais tangível. E é aí que reside a minha fé.