sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Correr

Não sei explicar ao certo quando nasceu em mim o gosto por correr. Desde que me lembro que gosto de correr. Não corri mais durante a minha adolescência por achar que tinha pouca condição física e que essa era a razão para me cansar tanto. Afinal, anos mais tarde, vim a descobrir que a causa era asma mesmo. Essa parte tratada, faltava apenas vencer a inércia de sair do sofá.
Apesar da mudança do ano civil não ter nada de real, em total sinceridade é apenas um marco intelectual que facilita o registo do passar dos anos. Sim, é o tempo que a terra executa uma translação, mas pode começar a qualquer altura e terá o mesmo valor para o sistema solar. Aqui o marco do início do ano é importante para nós seres pensantes, que o utilizamos tantas vezes para vencer a estagnação que se apodera de nós quando nos adaptamos ao quotidiano.
Foi com isto em mente, este prazer ao correr e o início do ano, que comecei a correr. À séria. Duas a três vezes por semana, quatro quando as pernas, a vontade e o horário permitem. Comecei com 3,5km, passei para 4, 5 e agora nos 6. Quando estabeleço um marco em quilómetros, tento novamente, mas mais rápido, e depois os quilómetros e depois a velocidade e assim sucessivamente.
O que acontece quando corro é a liberdade. A pressão o pé na calçada, a leveza das pernas, mesmo quando exaustas, é como se tivéssemos nascido para correr e andássemos enganados à tanto tempo. O cansaço é bom, a força que damos a nós próprios nos metros finais do nosso objectivo deveria ser um mantra para a vida. Vá lá, tu consegues, são só mais uns metros, é só mais um bocadinho, vá lá Cris, nada é impossível. Só mais um bocadinho e depois o prazer. Do objectivo alcançado, das endorfinas em circulação, do sorriso da vitória pessoal, das pernas que ardem e doem, mas que estarão mais fortes na próxima vez. Sim, correr é como a vida. Sempre para a frente, sempre mais e melhor, sem sacrifício é impossível e quando somos persistentes e apaixonados vencemos sempre. E haverá vitória mais saborosa do que vencer o que fomos ontem para podermos ser amanhã?

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