Gostava de escrever algo tremendamente belo e profundo. Gostava de tocar nas almas dos que lêem. Gostava de vos contar acerca das almas que se encontram nos desencontros do dia a dia e se completam com um olhar. Ainda há aqueles que lutam contra o que sentem, por razões que eles próprios desconhecem. Mas a responsabilidade de dar a alguém o poder sobre a nossa felicidade é duro. E pesa. Acho os amantes corajosos, são valentes e enfrentam tudo. Mesmo. De que outra maneira podemos dar o nosso coração a alguém se não possuirmos a força de super-heróis? De que outra maneira podemos atribuir a outra pessoa grande parte da nossa felicidade? Corajosos! Acreditem no que vos digo.
Por isso hoje é também o dia dos heróis. Daqueles que vão a correr comprar flores e dos outros que estão a planear a noite desde há dias! Por isso este dia também é para todos os que se esforçam por entender o que dizemos entre linhas e para outros que se lembram de conversas que tivemos ainda o dia não tinha nascido.
E quando falo em dar o coração, não falo apenas do amor amado. Mas também da amizade, da cumplicidade e da fraternidade. Não sei se já se tinham apercebido, mas depositamos sentimentos muito valiosos nos outros. Ao entregarmos o nosso coração estamos a dar-lhes parte de nós, e esse gesto dá-nos tamanha alegria que ser corajoso se torna fácil. Tal como amar é fácil.
Por vezes podemos magoar ou ser magoados. Mas como uma vez me disse um amor sábio, recebemos mais coisas boas do que más, porque tem que as más apagar as boas? Não têm, por isso corajosos, guardem os amores. Todos. Os passados num gaveta bem arrumada, para que lá possam voltar quando sentirem saudade ou quando se querem lembrar de quem foram e quem são. Os actuais usem-nos na lapela, bem à vista, espalhando a vossa felicidade e distribuindo coragem e amor. Aos futuros, guardem sempre espaço no vosso coração, nunca se sabe o que trás o amanhã.
Feliz dia de São Valentim <3
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Tenham paciência, please...
Amigos, não me esqueci da nossa história. Estou a escrevê-la, mas de momento tenho tantas coisas para fazer que não me consigo dedicar ou concentrar o suficiente. Mas não me esqueci. Levo sempre esta história comigo e vou continuar... Obrigada por me lerem... <3
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Capítulo 3.
Elisa estava à espera há quase 30
minutos. “Mas porque tanta demora” – Pensava Elisa – “E quem será Eduarda
Neves?”. Neves era um dos seus apelidos, mas Elisa desconhecia alguém que se
chamasse Eduarda e que pertencesse à sua família.
Na verdade, Elisa não tinha bem a
certeza. A família materna sempre tinha sido um assunto delicado. A mãe de
Elisa sempre fora uma mulher frágil, consumida por uma tristeza permanente,
dilacerada por um segredo. Elisa sempre soube que a mãe lhe escondia alguma
coisa, tentou várias vezes, em vão, descobrir o quê. Mas havia algo que sempre
a perturbara, Elisa nunca ouvira falar da sua avó. Quando era criança tinha perguntado
algumas vezes à mãe acerca da sua avó, mas esta nunca lhe dera uma resposta
concreta e ficava sempre triste e distante, e por essa razão, ela deixou de
perguntar.
- Finalmente! – Pensou Elisa, quando viu o
advogado. – Encontramo-nos aqui presentes para a leitura do testamento da
Eduarda Neves.
No final dessa tarde, Elisa sentiu
que tinha envelhecido 10 anos. Tanta coisa desconhecida, tantos segredos,
tantas mentiras. – Porquê mamã, porque nunca me disseste que eu tinha mais
família? Porque nunca me contaste o que aconteceu contigo, o que foi que eles
te fizeram, porquê mamã?! – Segredou Elisa à sua almofada, enquanto lutava com
a insónia e inquietação que se tinha apoderado dela desde a leitura daquele
maldito testamento. Quando o advogado terminou a leitura, Elisa descobriu que
Eduarda Neves era sua tia-avó e que lhe tinha deixado uma casa junto ao mar,
numa aldeia perdida no litoral. Descobriu ainda, que nessa casa poderiam estar
as respostas para as perguntas que tinha feito durante toda a sua vida. Quem
era a sua avó materna? Porque nunca sentira amor entre os seus pais, porque
nunca falava a mãe da tristeza que a acompanhava? – E agora? O que faço? Largo
tudo e vou tentar saber quem sou ou vou deixar-me consumir pela incerteza? –
Elisa estava num impasse, que resolveu assim que a luz clara e quente do Sol
irrompeu pela sua janela.
∞
Quando entrou no carro Elisa estava decidida. Ia conhecer a
casa estranha que era sua e iria descobrir quem era Eduarda.
A paisagem foi mudando à medida que os quilómetros foram
passando. A superfície vítrea e o cinzento do betão foram dando lugar ao verde
das paisagens e ao cheio fresco e leve do mar. A aldeia dava as boas vindas aos
visitantes de maneira humilde, com um sinal no início da rua. As ruas estavam
desertas e Elisa parou junto à única pensão que havia. A casa ainda era
demasiado, não conseguiria dormir lá, mesmo sabendo que é sua.
- Bom dia! Eu gostaria de alugar um quarto, por favor. –
Elisa pousou a sua mala pequena na cama de ferro. Sentou-se e chorou. Chorou a
tarde toda, chorou por uma tia que não conheceu, chorou por todas as coisas que
lhe foram negadas, chorou pela dor da sua mãe que sempre sentiu como sua. No
final da tarde sentia-se mais leve e pronta para enfrentar todos os fantasmas
da sua vida.
domingo, 27 de janeiro de 2013
Morreste-me
As palavras entram em nós e sentimo-las pelo que somos, por tudo o que vivemos e por tudo o que podemos imaginar. As vozes que saiem do papel invadem-nos com calor, dor, sofrimento e prazer. As dores e as paixões são partilhadas pela ponta de uma caneta, numa folha de papel. E quando existe uma transplantação de arte e as letras se transformam em movimento e calor, quando os sons passam do papel para o ar e a nuvem do possível se torna palpável. A imensidão do que nos invade é pesada e dolorosamente doce. Sentimos a pressão esmagadora de uma dor que não é nossa, mas poderia ser, um desespero que não imaginamos mas conseguimos sentir.
Doeu. Emocionou. Tocou. Fez sentir.
O que passaste para o papel, depois que o sentiste a pesar na tua alma. Tu, que nasceste com o dom de fazer sentir, sentes tanto, que para nossa benção, e espero para alívio do teu sofrimento ou paixão, consegues fazer caber em palavras. As palavras limitadas são transcendentes e intemporais no final da tua caneta. Não deixes de partilhar o teu dom e a tua alma connosco.
Obrigada!
Doeu. Emocionou. Tocou. Fez sentir.
O que passaste para o papel, depois que o sentiste a pesar na tua alma. Tu, que nasceste com o dom de fazer sentir, sentes tanto, que para nossa benção, e espero para alívio do teu sofrimento ou paixão, consegues fazer caber em palavras. As palavras limitadas são transcendentes e intemporais no final da tua caneta. Não deixes de partilhar o teu dom e a tua alma connosco.
Obrigada!
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Capítulo 2
Quando os raios de sol rompem o horizonte pela primeira vez
em cada manhã, é a hora que o homem de olhos cinzento e cabelo da cor do sol
está a caminhar em direcção ao mar. É verdade todas as manhãs desde há 3 anos.
Os aldeões sabem que se chama Daniel. E é só. Sabem, também, que os seus olhos
brilhantes e as rugas perfeitas do seu rosto, em junção com as poucas palavras,
que por algum engano ou descuido, partilharam são sinónimo de um passado que
não consegue largar o presente.
Todos os dias Daniel, o pescador, sai no seu barco para o
mar. É a única altura do dia em que percebem algum tipo de sentimento na sua
expressão, ao ver o mar banhado pelo primeiro raio de sol. É quase tão
misterioso quanto belo. O cabelo cor do sol e a face perfeita poderiam ter sido
desenhados com o pincel de um pintor renascentista. Ninguém sabe nada do seu
passado, mas todos vêem que Daniel o carrega consigo, onde quer que vá.
-“Sr. Daniel, muitos bons dias! Já sabe da notícia?” –
Perguntou a D.Gertrudes quando Daniel entrou na mercearia para comprar fruta.
-“Que notícia será essa?” – Respondeu Daniel, sem estar
verdadeiramente interessado na resposta. Apesar de não se importar muito com as
tertúlias de aldeia pequena, não pode deixar de reparar que estavam todos muito
inquietos nesse dia. Desde manhã, que ao sair do mar reparou na ambulância que
subia o pinhal, saindo do casarão da D. Eduarda.
A D. Eduarda era uma senhora idosa que sempre vivera sozinha,
pelo menos desde que Daniel se mudou para a aldeia. Nunca conseguiu saber nada
sobre ela, e a única vez que ouviu alguém falar sobre o assunto, foi na taberna
do Tio Chico, e todos ficaram em silêncio quando ele entrou. Se é que fosse
possível, a D. Eduarda era um assunto ainda mais misterioso que ele próprio, o que
não pôde deixar de o fazer sorrir.
- “A D. Eduarda, pobre senhora, faleceu a noite passada. Está
tudo preocupado com quem irá herdar a casa e as terras. Que se saiba não tem
parentes vivos e há mais de 20 anos que não tem visitas. Era boa pessoa, mas solitária.
Aposto que todos os parentes se vão desunhar para ficar com as terras e a casa.
É sempre assim com a família, só se lembram de santa Bárbara quando faz
trovões! Que é como quem diz, só se vão lembrar da pobre alma quando for hora
para lhe ficarem com tudo!” – Era sempre assim com a D. Gertrudes, ela começava
e acabava as conversas sem necessitar de qualquer tipo de ajuda. Daniel acenou
com a cabeça e murmurou um “Que descanse em paz” quase imperceptível.
Apesar da bisbilhotice que parecia ser inata a todos os
habitantes daquele pequeno paraíso de desaguava no mar, Daniel amava aquela
aldeia. Ao contrário das suas próprias expectativas, sentia que estava em casa
quando entrava no mar e quando descansava ao sol sentado na areia quente.
Naquela areia quente. Daniel não gostava de pensar em areia, fazia lembrá-lo do
deserto e de todas as coisas que perdera quando deambulou, perdido, no seu
deserto. Daniel abanou a cabeça para afastar o pensamento, não queria, aliás,
não podia pensar nisso.
Subiu a rua e continuou quando a estrada terminou, a sua casa
era bem embrenhada no pinhal, longe de tudo. A casa perfeita. O refúgio
perfeito.
∞
Daniel não sabia o que era uma noite
de sono. Não dormia. Fechava os olhos, o seu inconsciente assumia o controlo,
mas não dormia. Não descansava. O deserto tomava sempre conta da sua mente, o
som dos tiros, e o vermelho do sangue.
Daniel não conhecia a paz.
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