Passamos por muitas vidas, propositadamente ou sem intenção. Mudamos e somos mudados por cada respiração, vontade e acção das pessoas que permitimos nas nossas vidas. Mas deveremos nós aceitar, sem reserva, aquilo que nos chega? Sem questionar e ambicionar mais? Devem o amor e a liberdade ser um contentamento, porque poderia ser pior? Poderias estar presa, ou só? Não acredito que o que há seja o melhor que se arranja. Não acredito que não pode ser mais do que isto. Desculpem, mas não acredito. Como passar toda a vida acompanhada por contentamento, sem paixão, sem frio na barriga, sem borboletas? Antes presa, longe do mundo, mas pertinho de mim e das minhas convicções e vontades.
Não existe maior prisão do que aquela que criamos para nós mesmos. Aquela que nos prende em liberdade. Aquela à qual nos restringimos com medo do que pode ser, de que não consigamos mais, de que não sejamos suficientes. Recuso-me a ser acorrentada por mim própria, a ser algemada pelos meus medos e pelas minhas inseguranças, recuso-me!
Se tenho medo? Todos os dias, a toda a hora.
sábado, 21 de setembro de 2013
domingo, 15 de setembro de 2013
pedaços...
"...olhas-me e só tu sabes: na rua onde os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de medo nos lábios a sorrir: (...) um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga."
"A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu."
"Manda no que fazes, Nem de ti mesmo servo. Niguém te dá quem és. Nada te mude."
"E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz."
"Se te estranharem, sorri. Uma vez mais, garante que fica registado em acta."
"A imperfeição é muito mais bonita do que a perfeição porque a perfeição não existe. Ou, se existe, está ao lado do erro, faz parte dele."
"Despenteia-te."
José Luis Peixoto
José Saramago
Fernando Pessoa
Etiquetas:
coragem,
leitura,
poesia,
random thoughts,
trust
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
Summer bliss
Sentir os grão de areia a entrar no chinelo. Baixar-me para descalçá-los, mexer os dedos e misturá-los com o calor da areia. Cheirar o mar. Sentir o vento e os salpicos de maresia na cara, um arrepio. O silêncio, que diz muitas coisas, e sente outras tantas, maiores e mais profundas. O mergulho no mar, sentir o toque da água fresca em todos os pedacinhos de pele, sentir um pertencer. Todos os sentidos em sobrecarga, o coração bate forte, a alma está calma, como o mar profundo, sereno, forte e intemporal. Fechar os olhos e ser inundada por mil sensações e sentir paz. No final do dia, não volto a casa a mesma, volto melhor, mais leve, mais limpa. Como se a natureza me inundasse e me completasse e todos os problemas dos homens fossem menores comparados com o sentimento rude de pertença ao mundo.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
pequenas coisas e coisas pequenas
A inspiração vem dos sítios mais estranhos. Um pássaro a voar, uma borboleta que poisa na tua mão e à qual sopras para que continue a sua viagem, um sorriso sincero e um olhar sedutor. Às vezes, lemos um texto, dum autor qualquer, e que espelha na perfeição a nossa história. É a simetria do que sentimos, ou desejamos sentir.
Um texto fez-me lembrar como a felicidade é o caminho e não o destino. O calor do sol sob os olhos fechados e o cheiro a mar. A companhia silenciosa e os sorrisos disfarçados, mas que vemos bem e sentimos ainda melhor. O carinho de um amigo, o abraço de um irmão. Os teus dedos no meu cabelo e o teu cheiro envolvente.
Uma gargalhada. Haverá maior felicidade que uma gargalhada pela razão mais tola? Haverá maior cumplicidade do que dividir um sorriso?
Por isso mesmo, a felicidade é o caminho. É a soma de todas as pequenas coisas que fazem sentido, e de algumas coisas pequenas sem sentido algum. A felicidade são os pedacinhos, as metades, os restos até, dessas coisas indescritíveis das quais é difícil falar. A felicidade não se explica, sente-se. E na maioria das vezes, só temos a percepção de sermos felizes uns tempos depois. A perspectiva de um sentir passado, em que na altura estávamos demasiado envolvidos para perceber. Desconfiamos, porque a paz que sentimos é reconfortante e turbulenta, é lago quieto e mar revolto.
As pequenas coisas fazem a diferença e as coisas pequenas, toda juntas e amealhadas fazem coisas enormes. A felicidade comporta-se assim, ninguém é feliz, e somos todos felizes. Porque não se pode ser um acontecimento nem um caminho sempre, vivemos acontecimentos e fazemos caminhos, e é essa aventura que nos torna felizes. Aquele momento e todos os outros em que recordamos os nossos pedacinhos passados. Assusta, mas todas as coisas verdadeiramente boas metem medo. Ultrapassá-lo é também um caminho para ser feliz!
Um texto fez-me lembrar como a felicidade é o caminho e não o destino. O calor do sol sob os olhos fechados e o cheiro a mar. A companhia silenciosa e os sorrisos disfarçados, mas que vemos bem e sentimos ainda melhor. O carinho de um amigo, o abraço de um irmão. Os teus dedos no meu cabelo e o teu cheiro envolvente.
Uma gargalhada. Haverá maior felicidade que uma gargalhada pela razão mais tola? Haverá maior cumplicidade do que dividir um sorriso?
Por isso mesmo, a felicidade é o caminho. É a soma de todas as pequenas coisas que fazem sentido, e de algumas coisas pequenas sem sentido algum. A felicidade são os pedacinhos, as metades, os restos até, dessas coisas indescritíveis das quais é difícil falar. A felicidade não se explica, sente-se. E na maioria das vezes, só temos a percepção de sermos felizes uns tempos depois. A perspectiva de um sentir passado, em que na altura estávamos demasiado envolvidos para perceber. Desconfiamos, porque a paz que sentimos é reconfortante e turbulenta, é lago quieto e mar revolto.
As pequenas coisas fazem a diferença e as coisas pequenas, toda juntas e amealhadas fazem coisas enormes. A felicidade comporta-se assim, ninguém é feliz, e somos todos felizes. Porque não se pode ser um acontecimento nem um caminho sempre, vivemos acontecimentos e fazemos caminhos, e é essa aventura que nos torna felizes. Aquele momento e todos os outros em que recordamos os nossos pedacinhos passados. Assusta, mas todas as coisas verdadeiramente boas metem medo. Ultrapassá-lo é também um caminho para ser feliz!
sábado, 22 de junho de 2013
Lado Lunar
A parte mais sombria da minha alma é também a mais sedutora. A que não tem medo e nem pensa bem nas coisas que faz, se der vontade acontece. É a mais difícil de combater e requer uma dura diária. Acho que ter a capacidade de reconhecê-la já é uma vitória, lutar com ela todos os dias é uma guerra dos 100 anos, a qual não consigo vislumbrar um final.
Mas será que quero?
Gosto do meu lado lunar, o lado do, agora porque sim. O lado do desejo desenfreado e das decisões sem sentido e que podem resultar ou não. O meu lado racional não entende e apresenta uma luta resistente, que nem sempre vence.
Mas não é viver arriscar? Não é viver, sentir, mesmo que não seja uma alegria contagiante e antes uma agonia doce e lenta que consome e aumenta todas as vontades? Não é fácil expor tudo o que tentámos proteger, por tanto tempo sem resultados, mas pode ser que funcione.
Mudar de estratégia.
Deixar dominar o negro e visceral que me pertence tanto como luz e a serenidade.
Não é fácil perder o controlo, mas é tão bom, tão livre.
Mas será que quero?
Gosto do meu lado lunar, o lado do, agora porque sim. O lado do desejo desenfreado e das decisões sem sentido e que podem resultar ou não. O meu lado racional não entende e apresenta uma luta resistente, que nem sempre vence.
Mas não é viver arriscar? Não é viver, sentir, mesmo que não seja uma alegria contagiante e antes uma agonia doce e lenta que consome e aumenta todas as vontades? Não é fácil expor tudo o que tentámos proteger, por tanto tempo sem resultados, mas pode ser que funcione.
Mudar de estratégia.
Deixar dominar o negro e visceral que me pertence tanto como luz e a serenidade.
Não é fácil perder o controlo, mas é tão bom, tão livre.
Subscrever:
Mensagens (Atom)