-Raio de tempo! – Pensou Elisa quando saiu de casa e olhou
para as nuvens. O céu reflectia o seu humor, negro e húmido. Elisa acordou
nesse dia a sentir-se velha e cansada. Apesar de ter apenas 32 anos, certas
manhãs parecia que carregava o mundo nas costas.
Tinha sonhado com a mãe nessa noite, ainda não conseguia
conceber um mundo onde a mãe não existisse. Era uma dor sempre presente. Apesar
disso foi um sonho bom, Elisa tinha sonhado com o piquenique que tinham feito
nas margens de um lago, quando tinha 12 anos. Foi um dia perfeito. Mas o sonho,
apesar de feliz, deixara marcas em Elisa, tumultos presentes a cada vez que sonhava
com a mãe.
A praça principal da cidade estava cheia de vida, como
acontecia todas as manhãs. Homens de várias origens tornados irmãos pelos fatos
de corte semelhante. O incessante burburinho ensurdecedor provocado pelos madrugadores
que trabalham no centro da capital. Elisa sentia-se em casa. Aquele era o seu
mundo, era a capitã do navio que era a sua vida.
Ao entrar no átrio em mármore frio do prédio onde trabalha,
Elisa vê ao longe um homem alto e elegante, que apesar de não ser o mais bonito
do escritório, é com toda a certeza o mais conhecido.
-“Bom dia Elisa, já viste esta chuva? Nunca mais chega o
Verão!” – Gonçalo era simpático, talvez demasiado simpático. Fazia-a rir de
todas as vezes que conversavam e o facto de namoriscar com todas as mulheres do
escritório, incluindo ela própria, era só mais um traço enternecedor da sua
personalidade. E ao contrário do que seria esperado era algo que o tornava
ainda mais charmoso e interessante, do que era na realidade.
-“É hoje que aceitas tomar aquele cafezinho comigo? Va lá,
aposto que te ias divertir!”
-“Gonçalo, diz-me a sério, quando é que te vais cansar de
ouvir não?” – Perguntou Elisa a sorrir.
-“ Um não teu? Nunca!” – Gonçalo sorriu, aquele sorriso
matreiro que tanto agradava Elisa e que por vezes lhe dava vontade de responder
sim aos inúmeros convites que ele lhe fazia todos os dias. Mas ela sabia quem
ele era, e Elisa era apenas mais uma. Independentemente disso, Gonçalo
deixava-a sempre bem-disposta e naquele dia, em especial, agradeceu-lhe por
isso.
-“ Mais uma vez obrigada. E, como gosto de ser coerente, fica
para uma próxima vez!”
Gonçalo piscou-lhe o olho e afastou-se, com um sorriso
matreiro e um olhar lânguido. Era confortante saber que havia coisas que nunca
mudavam, Elisa sorriu e dirigiu-se à sua sala.
Ao entrar Elisa reconheceu a vista da janela e o monte de
papéis que tinha deixado em cima da mesa na noite anterior.
-É incrível como o trabalho se acumula – suspirou Elisa
enquanto olhava para a sua secretária. Só quando se sentou é que reparou que tinha
correio em cima da mesa.
Já tinha mudado de casa há quase 6 meses e mesmo assim ainda
lhe reenviavam para o emprego o correio extraviado que ia parar à morada
antiga.
- “Estranho, uma notificação do tribunal.” – Pensou Elisa
enquanto abria a carta com a sua faca de envelopes, prenda do pai no Natal
anterior.
Elisa não poderia adivinhar como a abertura daquela carta
iria mudar a sua vida. Talvez fosse uma mudança aquilo que Elisa precisava, mas
o que aconteceu, ninguém, muito menos Elisa poderia adivinhar.
Olá Cristina, tudo bem?
ResponderEliminarAdorei... Agora quero o segundo capitulo... Espero que esteja para breve!!!!
Beijinhos
Vânia
Olá Vânia,
ResponderEliminarObrigada! Esta semana em princípio chegará o 2º capítulo. Tem que ser devagar porque ainda há pouco e não vou quero dar tudo e fazer esperar muito tempo pela próxima! :) Obrigada por seguires o blog :)
Beijinhos
:) Vou esperar também pelo próximo. Gosto muito de te ler. Beijinhos e muita inspiração.
ResponderEliminarEspero por mais querida... de certeza q vou adorar, escrito por ti só pode ;) eheh. beijinhos, vera
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