A parte mais sombria da minha alma é também a mais sedutora. A que não tem medo e nem pensa bem nas coisas que faz, se der vontade acontece. É a mais difícil de combater e requer uma dura diária. Acho que ter a capacidade de reconhecê-la já é uma vitória, lutar com ela todos os dias é uma guerra dos 100 anos, a qual não consigo vislumbrar um final.
Mas será que quero?
Gosto do meu lado lunar, o lado do, agora porque sim. O lado do desejo desenfreado e das decisões sem sentido e que podem resultar ou não. O meu lado racional não entende e apresenta uma luta resistente, que nem sempre vence.
Mas não é viver arriscar? Não é viver, sentir, mesmo que não seja uma alegria contagiante e antes uma agonia doce e lenta que consome e aumenta todas as vontades? Não é fácil expor tudo o que tentámos proteger, por tanto tempo sem resultados, mas pode ser que funcione.
Mudar de estratégia.
Deixar dominar o negro e visceral que me pertence tanto como luz e a serenidade.
Não é fácil perder o controlo, mas é tão bom, tão livre.