terça-feira, 28 de outubro de 2014
entardecer
O fumo do que foi e já não aquece.
A pele que quer ser outra, por desejá-la.
O toque que se perde, sem te saber.
O que fica, leva-nos consigo,
O que vai e deixa de ser.
Não quero mais esta luz comigo.
Fico no entardecer.
sábado, 25 de outubro de 2014
Sorrisos
Corremos todos os dias. À hora que saímos daqui, já temos que estar ali. Cruzamos sorrisos, palavras simpáticas de quem sabe o reboliço de todos os dias e compreende o quanto um sorriso pode fazer a diferença.
Não sei se as pessoas entendem o poder de um sorriso que compreende. Pode não conhecer, os caminhos são opostos e muitas vezes cruzam-se por fracções de segundos. Fracções de segundos que valem o dia.
O cumprimento simpático e honesto de um estranho, que não sabe, nem precisa, porque na ignorância entende o quanto um sorriso nos carrega pelo dia. O sorriso que diz, sei como é não parar, não ser rendido, sei o que é comer depressa e ter que chegar quando ainda não parti. O sorriso de um estranho que vale pelo dia.
Porque mesmo ao caminharmos sozinhos todo o dia, como formigas a preparar o inverno, somos para os outros, pelos outros. Saber que há mais formigas no carreiro a caminhar no mesmo trilho acompanha-nos com doçura.
sábado, 11 de outubro de 2014
A propósito de uma conversa com alguém que gosta de vir aqui ler :)
Ser quem queremos e quem desejamos ser dá trabalho.
E não sei da vossa vida, nem tenho essa pretensão, mas todas as vidas são difíceis à sua maneira,umas mais do que outras. O que considero importante é viver a vida com sinceridade, a ser quem sou, mesmo que nem sempre isso seja fácil, mesmo com as batalhas e o facto de pensar demasiado complicar tudo. Por vezes temos que permitir a entrada do mundo em nós próprios para que consigamos pertencer a ele, na maioria das vezes o primeiro passo tem que ser o nosso. Escrevo porque me ajuda, e gostarem do que escrevo assusta porque é uma responsabilidade ter importância na vida de outras pessoas, mesmo que sejam só as minhas palavras.
Mas não tenho medo de ter medo.
Alcácer do Sal
Os tumultos duma vida ocupada passada noutro lugar desvanecem quando vejo a placa com o teu nome, porque logo imagino o Sado que amas. É como se viver fosse mais fácil quando olho o sol a pôr-se nas águas rápidas do rio que atravessa as pontes. É como se o sorriso dos que já eram velhos quando nasci, me trouxesse paz, compreensão, uma pertença que não consigo explicar mas que me deleito em sentir.
A minha terra. Dizê-lo é banal e simples, mas é derradeiramente complexo o que isso significa. Ter onde voltar, ter um lugar ao qual chamar de casa, saber que venho daquela rua que faz esquina com o castelo onde o sol se deita ao final da tarde, faz de mim quem sou e pertence-me tanto quanto os caracóis e os olhos grandes.
A minha terra.
Onde nasci,
onde cresci,
as pedras onde esfolei os joelhos,
os becos onde dei os primeiros beijos,
onde amei e desamei,
onde cresci,
onde vivi diariamente,
onde vivo no meu coração.
Alcácer