domingo, 19 de agosto de 2012

Conheço-te pela capa

Passei ao teu lado, igual a todas as outras vezes. Pequei em ti, olhei, li a nota de autor na contra capa. Voltei a colocar-te no sítio. Conheço-te pela capa, já sabia o que me ias dizer, nas tuas 753 páginas.
Voltei a colocar-te no sítio.
Não acontece com frequência a surpresa de páginas ricas numa capa como a tua. Tens uma capa fantástica, letra grande, dourada em relevo. Papel macio, quase aveludado numa cor profunda que reflecte conteúdo. Mas, infelizmente para ti, conheço-te pela capa. A tua capa expõe-te como um vestido de qualidade que veste uma pessoa vazia. És uma miragem, se valesses só pela capa, serias maravilhoso, profundo, serias o motor da mudança interior, do ser melhor e para o mundo.
Ao passar a beleza estonteante da capa, vi que o papel era de qualidade, cheirava a novo e a tinta fresca. A dedicatória na primeira folha, a agradecer aos teus e aos que foram para ti, sem eles não terias conseguido escrever aquela obra, aquela capa. O texto começava com a primeira letra trabalhada, fazendo lembrar as fábulas da minha infância, aquelas que me ensinaram os lemas do dia a dia.
Custava a acreditar, eras mesmo perfeito. A tua capa, a tua dedicatória, até a letra trabalhada, foste feito para impressionar.
Depois comecei a ler.
E eras só uma história. Vazia. Não tinhas lema como as fábulas da letra trabalhada. Não tinhas a profundidade que anunciaste no relevo do título. E quando cheguei ao fim, não entendi porque agradecias na primeira página.
Eras só uma capa. Eras belo e novo e talvez até misterioso. Mas eras só uma capa.
Voltei a colocar-te no sítio. A partir de agora ia ter cuidado ao escolher.
De hoje em diante, conheço-te pela capa.

8 comentários:

  1. Boa tarde Cris*, devo dizer que este Post foi surpreendente, é uma coisa em que todos pensamos mas que não olhamos com a magia e encanto que olhas-te para escrever, devo dizer que nas poucas linhas que escreves-te descreves-te na perfeição o que acontece à nossa volta e que por vezes nos esCAPA ou não queremos ver.
    De facto a Vida e o que Vivemos é uma história, umas vezes com momentos bons, outros maus, com capítulos maís fogazes e outros mais demorados mas todos eles fazem parte de nós, não pudemos esvaziar aquilo que somos e deixar apenas uma bela Capa....
    Parabéns

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  2. como me identifico com o que escreveste ;)
    no entanto também pela capa e pela apresentação de alguns livros, demasiado exuberantes e arrisco dizer "pirosos", estava-me a afastar de uma das minhas escritoras preferidas que só a conheci por ter arriscado... mas eu tive mais sorte que tu ;) tu já sabes qual é! e aconselho-te a ler...

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  3. Anónimo, muito obrigada! :) Se não te importares coloca o nome, gosto de visualizar a quem escrevo!
    Por vezes consigo guardar memórias momentâneas por escrito! Nem sei bem como acontece, para ser sincera, mas funciona! :)

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    1. Cris* tens razão naquilo que dizes em relação ao vizualizar peço desculpa por não me ter identificado.



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  4. Vera, querida! Como em muitas coisas nas nossas, já não recentes, aventuras tu és excepção. A boa excepção, aquela que confirma a regra! Sei de que falas e sabes que está prometido eu ler a tua autora, que segundo o que me contaste, vou gostar de certeza!
    Falo de maneira mais genérica, uma vez que existem tantos escritores que são medianos e até medíocres, que por serem "bem" publicados vendem alguns livros e tem um sucesso relativo. E existem obras brilhantes debaixo de capas genéricas e preços de saldo! Acho que chamam a isto globalização :)

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  5. Adorei Cris :) beijo

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  6. Amiga, adorei.. escreves muito bem, devias de apostar também na escrita. Beijinho grande

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  7. Obrigada amigas do coração! As vossas palavras são um miminho muito bom! :)

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