Diz-se que o domingo não teria o mesmo sabor se não fosse desejado durante toda a semana, é como a 6ª-feira, queres tanto que cheguem e vão-se logo embora, num ápice. É como o Verão e o Sol. Desejamos tanto estas pequenas coisas que passamos a vida à espera que cheguem, à espera que dêem o ar da sua graça. Na maioria das vezes, não têm nada de especial, são mais um dia, igual aos outros. Mais uma estação, sem nada de esplendoroso ou de marcante. Mas por os desejarmos tanto tornam-se especiais, mesmo sendo ordinários e comuns.
É essa a magia das coisas que levam tempo. Mesmo que durem pouco, recorda-mo-las como mágicas e especiais, pela antecipação que as precedeu.
Bom fim de semana!
sexta-feira, 31 de maio de 2013
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Capítulo 4
O som era ensurdecedor, tiros, gritos, dores e pânico. Pânico que se ouvia, sentia e saboreava. As manchas negras e vermelhas, o comandante mexia os lábios, mas Daniel não ouvia nada, só sentia o pânico a engoli-lo e o corpo quente como fogo. Daniel acorda repentinamente e a suar - Mais um sonho, foi só um sonho.. - Repetiu para si próprio.
O dia começava sempre cedo para Daniel, em parte porque era assim a vida de um pescador, e em parte porque nunca conseguia dormir. Os sonhos estavam melhores agora, mais curtos e menos frequentes. Mas o dia não esperava e o mar também não, por essa razão Daniel levantou-se e preparou-se para sair.
--
Daniel era o mais jovem da sua companhia. Eram como uma família. E quando partiram juntos, pensaram que iam salvar o mundo. O que nunca ninguém lhes disse foi que as missões de paz são um tédio. O tempo arrasta-se infinitamente dentro de cada minuto e o pó e o calor do deserto tornam o corpo mole e peganhento. Nunca se passava nada, até àquela tarde, aquele transporte, aquela ravina.
Daniel vivia com Marina desde que se alistara no exército. Eram um amor jovem, mas firme. Conheceram-se na escola secundária onde a Marina disse muitos nãos até Daniel ouvir o sim que sempre quis. Gostava dela desde os 10 anos, era como se não houvesse um amor maior. No dia que soube que ia para o deserto Daniel chegou a casa a disfarçar o entusiasmo e a adrenalina que já lhe corria nas veias com a antecipação da tão ansiada missão.
- Amor, fui destacado para uma missão. No deserto. Partimos daqui a 3 semanas.
Silêncio. Um peso invisível e poderoso alastrou-se pela cozinha e Marina afastou-se da bancada já com os olhos cheios de lágrimas.
- Quando tempo vais ficar por lá, Daniel? - Perguntou Marina, articulando as palavras entre soluços mudos.
- Em princípio serão 6 meses. Mais vai passar depressa amor, vais ver, num instante estou de volta. - assegurou Daniel, sem colocar certezas nas suas próprias palavras. - Pensa que com o dinheiro extra que vou ganhar poderemos começar a pensar em bebés.
- Bebés? Estás a falar a sério? Mas nunca tínhamos falado nisso, a sério, quero eu dizer, não estou a perceber Dani. - Um esboço de sorriso nasceu nos lábios de Marina e Daniel soube que o seu desvio da conversa da guerra e do deserto tinha funcionado. Não se sentia orgulhoso por recorrer a tais artimanhas, mas a dor de Marina pesava tanto dentro dele próprio que se tornava mais difícil de suportar do que a sua própria dor.
Agora quando recordava Marina já não doía tanto. Deixá-la acabou por ser a melhor decisão que poderia ter tomado. Apesar da dor. Apesar da mágoa. Quando voltou do deserto Daniel não era o mesmo, o amor não era o mesmo, a pele não era a mesma, a dor era maior. Não conseguia suportar o cheiro de Marina, tão doce e intenso, e a sua pele, apesar de a desejar loucamente, queimava e fazia doer ao tocar na sua. Daniel estava diferente, o mundo estava diferente. O maior amor tornou-se na maior dor pela culpa e pelo medo. Pelas lembranças. Daniel não merecia ser feliz e Marina merecia o melhor. Desejava-a mais do que qualquer outra coisa, mas a intensidade de tê-la estava a destruí-lo. Foi a melhor decisão possível, para ela. Era a mentira que contava a si próprio todos os dias, sem estar verdadeiramente a mentir.
--
Marina era o seu último pensamento antes de dormir e o primeiro ao acordar. Naquele dia em especial, ainda não tinha pensado nela, só na vontade de ver o mar. Só pensou nela quando viu a silhueta de uma mulher ao longe na sua praia, antes do dia nascer.
Daniel vivia com Marina desde que se alistara no exército. Eram um amor jovem, mas firme. Conheceram-se na escola secundária onde a Marina disse muitos nãos até Daniel ouvir o sim que sempre quis. Gostava dela desde os 10 anos, era como se não houvesse um amor maior. No dia que soube que ia para o deserto Daniel chegou a casa a disfarçar o entusiasmo e a adrenalina que já lhe corria nas veias com a antecipação da tão ansiada missão.
- Amor, fui destacado para uma missão. No deserto. Partimos daqui a 3 semanas.
Silêncio. Um peso invisível e poderoso alastrou-se pela cozinha e Marina afastou-se da bancada já com os olhos cheios de lágrimas.
- Quando tempo vais ficar por lá, Daniel? - Perguntou Marina, articulando as palavras entre soluços mudos.
- Em princípio serão 6 meses. Mais vai passar depressa amor, vais ver, num instante estou de volta. - assegurou Daniel, sem colocar certezas nas suas próprias palavras. - Pensa que com o dinheiro extra que vou ganhar poderemos começar a pensar em bebés.
- Bebés? Estás a falar a sério? Mas nunca tínhamos falado nisso, a sério, quero eu dizer, não estou a perceber Dani. - Um esboço de sorriso nasceu nos lábios de Marina e Daniel soube que o seu desvio da conversa da guerra e do deserto tinha funcionado. Não se sentia orgulhoso por recorrer a tais artimanhas, mas a dor de Marina pesava tanto dentro dele próprio que se tornava mais difícil de suportar do que a sua própria dor.
Agora quando recordava Marina já não doía tanto. Deixá-la acabou por ser a melhor decisão que poderia ter tomado. Apesar da dor. Apesar da mágoa. Quando voltou do deserto Daniel não era o mesmo, o amor não era o mesmo, a pele não era a mesma, a dor era maior. Não conseguia suportar o cheiro de Marina, tão doce e intenso, e a sua pele, apesar de a desejar loucamente, queimava e fazia doer ao tocar na sua. Daniel estava diferente, o mundo estava diferente. O maior amor tornou-se na maior dor pela culpa e pelo medo. Pelas lembranças. Daniel não merecia ser feliz e Marina merecia o melhor. Desejava-a mais do que qualquer outra coisa, mas a intensidade de tê-la estava a destruí-lo. Foi a melhor decisão possível, para ela. Era a mentira que contava a si próprio todos os dias, sem estar verdadeiramente a mentir.
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Marina era o seu último pensamento antes de dormir e o primeiro ao acordar. Naquele dia em especial, ainda não tinha pensado nela, só na vontade de ver o mar. Só pensou nela quando viu a silhueta de uma mulher ao longe na sua praia, antes do dia nascer.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
I'm spoiled, by your love...
Sempre gostei do dia do meu aniversário. Desde miúda, quando fazíamos festas com balões, sandes de fiambre e gelatinas. Gosto de ter um dia meu. Lembro-me da minha mãe me ir levar a prenda à cama, na manhã do meu aniversário e lembro-me dos beijinhos e dos abraços. Depois crescemos e na escola num tempo em que o contacto e o toque se descobrem, recordo como eram bons os beijinhos e os abraços dos amigos. Fizeram-me uma festa surpresa quando fiz 18 anos. Apareci numa camisa de dormir, que já era velhinha nessa altura e que ainda hoje durmo com ela, e apareceram as vossas caras e os vossos "surpresa". Fiquei emocionada e envergonhada, porque uma camisa de dormir dos meus 13 anos já deixa algumas coisas destapadas aos 18, nem vamos falar aos 28. Mas fiquei, principalmente, feliz. Todos os esquemas e todos os planos para eu não desconfiar, e não desconfiei, e a vossa alegria de me terem conseguido surpreender mesmo.
Gosto de fazer anos.
Gosto mesmo. Não me sinto mais velha. Sinto-me mais amada. Sinto-me querida.
Numa época em que muitas relações e sentimentos se tornam efémeros e muitas vezes descartáveis. No dia do meu aniversário o vosso sentimento é tangível, chega a mim. Parece que o véu que pousa no sentir das pessoas se levanta, e dizer gosto de ti, é permitido. Dizer, és linda nunca mudes, é permitido. Muitos beijinhos e tenho saudades, não calha mal e sabe tão bem.
Eu sinto muitas coisas e de maneira muito variada, tanto em forma como em quantidade. Acredito que escrevo porque as palavras espelham e confortam as mil coisas que sinto. Não sei se o faço bem, provavelmente poderia fazê-lo melhor, mas serve o propósito para o qual o faço. Sentir. Às vezes sinto tanto que não consigo exprimi-lo nas conversas, às vezes consigo exprimi-lo nas acções, mas fico sempre a achar que ficou aquém do que deveria ter sido. Escrever ajuda. Vocês gostarem do que escrevo é maior do que qualquer texto ou quaisquer palavras.
No dia que fazemos anos é permitido sentir e mostrar aos outros aquilo que sinto todos os dias. Aquilo que controlo com uma personalidade mais ou menos forte, com um temperamento mais ou menos explosivo e com uma timidez, muitas vezes desarmante para mim e injusta para vocês. No meu aniversário não existe qualquer embaraço em amar e ser amada de volta, existem só congratulações. E muitos gosto de ti e és querida. No fundo preciso acreditar que sou todas as coisas que vocês pensam de mim, e me dizem no dia do meu aniversário, e por isso gosto tanto de fazer anos. Não sou insegura, ou melhor, não o sou mais do que qualquer outra pessoa que se conhece e sabe quem é, mas saber que a minha visão de mim é partilhada por vocês, faz envelhecer valer a pena.
Por estes motivos todos, gosto muito de fazer anos!
A vossa mana, sis, laranjinha, cricket, amiga, doida e querida gosta de vocês ainda mais do que gosta de fazer anos!
<3
Gosto de fazer anos.
Gosto mesmo. Não me sinto mais velha. Sinto-me mais amada. Sinto-me querida.
Numa época em que muitas relações e sentimentos se tornam efémeros e muitas vezes descartáveis. No dia do meu aniversário o vosso sentimento é tangível, chega a mim. Parece que o véu que pousa no sentir das pessoas se levanta, e dizer gosto de ti, é permitido. Dizer, és linda nunca mudes, é permitido. Muitos beijinhos e tenho saudades, não calha mal e sabe tão bem.
Eu sinto muitas coisas e de maneira muito variada, tanto em forma como em quantidade. Acredito que escrevo porque as palavras espelham e confortam as mil coisas que sinto. Não sei se o faço bem, provavelmente poderia fazê-lo melhor, mas serve o propósito para o qual o faço. Sentir. Às vezes sinto tanto que não consigo exprimi-lo nas conversas, às vezes consigo exprimi-lo nas acções, mas fico sempre a achar que ficou aquém do que deveria ter sido. Escrever ajuda. Vocês gostarem do que escrevo é maior do que qualquer texto ou quaisquer palavras.
No dia que fazemos anos é permitido sentir e mostrar aos outros aquilo que sinto todos os dias. Aquilo que controlo com uma personalidade mais ou menos forte, com um temperamento mais ou menos explosivo e com uma timidez, muitas vezes desarmante para mim e injusta para vocês. No meu aniversário não existe qualquer embaraço em amar e ser amada de volta, existem só congratulações. E muitos gosto de ti e és querida. No fundo preciso acreditar que sou todas as coisas que vocês pensam de mim, e me dizem no dia do meu aniversário, e por isso gosto tanto de fazer anos. Não sou insegura, ou melhor, não o sou mais do que qualquer outra pessoa que se conhece e sabe quem é, mas saber que a minha visão de mim é partilhada por vocês, faz envelhecer valer a pena.
Por estes motivos todos, gosto muito de fazer anos!
A vossa mana, sis, laranjinha, cricket, amiga, doida e querida gosta de vocês ainda mais do que gosta de fazer anos!
<3
sábado, 11 de maio de 2013
calor e sol (este texto não foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)
Oh se gosto do calorzinho que se sente este fim de semana. E gosto do calor do amor dos meus amores também, esse que dura todo o ano. Dizíamos ontem e é verdade, não se pode agradar a gregos e a troianos, impossível. Mas agradar alguém custa tão pouco, é tão fácil, e surpreendam-se agora, faz-nos tão bem, ou melhor, que a pessoa à qual fizemos a fofice. Acredito piamente nisto! Não sou idiota (pelo menos vivo com a convicção que não sou...), não trato bem quem me trata mal, mas tento dar o benefício da dúvida e ouvir as pessoas e as suas razões. Temo que a razão mais comum é o egoísmo. Achamos que merecemos tudo e devemos nada. Não. Errado. Merecemos exactamente o mesmo que damos. Igual. Sem tirar nem pôr. Às vezes o orgulho também nos impede de dar antes de receber. E outras vezes é o medo. Lembram-se de aí há uns tempos, lá para o dia de São Patrício, eu escrever que para amar temos que ser corajosos? Pois é, temos mesmo. E não é para todos, infelizmente. Parece que quanto mais temos a possibilidade de ser, mais nos limitamos. Estranho. Parece que já não confiamos uns nos outros. Eu até entendo, é difícil confiar a outra pessoa um dos nosso bens mais preciosos. Mas este bem, ao contrário dos outros que custam dinheiro, aumenta de valor com a partilha. Fica mais forte e melhor. Mais frágil também. Mas não é essa a maravilha da vida? A fragilidade das coisas que nos faz aprecia-las e vivê-las com um sabor de precariedade que torna tudo único e especial. Eu acredito mesmo nisto. Acho que perdemos horas demais a pensar no que devemos dizer e fazer, ao invés de passar à acção.
Já vos pedi perdão uma vez por esta razão e volto a fazê-lo. Desculpem se vos deixo pouco à vontade com os meus abraços, beijinhos e gosto de ti. Perdoem-me se me falta a conversa quando me sinto pertinho do vosso coração. Fico tímida quando sinto mais do que penso. Perdoem-me que precise de vocês para ser feliz, mas que não precise de falar com vocês todos os dias. Não preciso. Tenho bem juntinho a mim todas as certezas do que nos une.
Poderíamos viver sozinhos, comer sozinhos, mas sonhar sozinhos não dá gozo. Por isso preciso de vocês. De rir com vocês. De desabafar com vocês. De chorar com vocês. De correr e cair com vocês. Porque qualquer que seja a luta, com vocês vira aventura.
Obrigada pela coragem. Obrigada pela partilha, Obrigada por me tornarem mais forte ao me dividir com vocês. <3
Já vos pedi perdão uma vez por esta razão e volto a fazê-lo. Desculpem se vos deixo pouco à vontade com os meus abraços, beijinhos e gosto de ti. Perdoem-me se me falta a conversa quando me sinto pertinho do vosso coração. Fico tímida quando sinto mais do que penso. Perdoem-me que precise de vocês para ser feliz, mas que não precise de falar com vocês todos os dias. Não preciso. Tenho bem juntinho a mim todas as certezas do que nos une.
Poderíamos viver sozinhos, comer sozinhos, mas sonhar sozinhos não dá gozo. Por isso preciso de vocês. De rir com vocês. De desabafar com vocês. De chorar com vocês. De correr e cair com vocês. Porque qualquer que seja a luta, com vocês vira aventura.
Obrigada pela coragem. Obrigada pela partilha, Obrigada por me tornarem mais forte ao me dividir com vocês. <3
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segunda-feira, 6 de maio de 2013
feliz
Quando penso na felicidade vem-me sempre à cabeça aqueles filmes antigos onde aparecia um letreiro bem pomposo a dizer "E viveram felizes para sempre". O que quer que isso pudesse significar... Não acredito no felizes para sempre, acredito no felizes hoje e aqui e agora. Acredito no felizes depois de contarmos uma piada ou sorrirmos a um estranho simpático. Acredito no felizes quando ouço me dizerem, "muito obrigada por ser tão simpática", principalmente quando essa mesma pessoa nasceu no mesmo dia que eu mas 56 anos antes. Acredito na felicidade em desabafar com um amigo ou com um irmão, aquele desconforto que nos pesa, a nós apenas, por ser tão desadequado à nossa visão e sentir do mundo. Acredito na felicidade quando sorrimos no meio de um beijo num fim de tarde. Acredito na felicidade apenas pelo sentir do calor doce do sol ao início da manhã.
Acredito, principalmente, que a felicidade vem aos bocadinhos, às peças. Pequenas como aquelas de puzzle com 5000. Por isso não posso deixar de acreditar que a felicidade para ser vivida plenamente tem que fazê-lo em comunhão com a infelicidade. Porque somos todos metades, e não é possível ser sem a outra. Há que aprender a ver, a reconhecer, a distinguir, essa mesma felicidade. Temos que reconhecer as nossas peças para no final montarmos o nosso puzzle. Por muitas vezes o que acontece é que apenas temos felicidade às peças e se não as soubermos reconhecer, caímos no erro que pensar de não somos felizes. Tolice, pois claro. Existem vezes em que só temos mesmo as peças e construir esse puzzle de felicidade em especial, é difícil. Mas temos as peças, não se esqueçam. Se temos as peças, somos felizes.
Acredito, principalmente, que a felicidade vem aos bocadinhos, às peças. Pequenas como aquelas de puzzle com 5000. Por isso não posso deixar de acreditar que a felicidade para ser vivida plenamente tem que fazê-lo em comunhão com a infelicidade. Porque somos todos metades, e não é possível ser sem a outra. Há que aprender a ver, a reconhecer, a distinguir, essa mesma felicidade. Temos que reconhecer as nossas peças para no final montarmos o nosso puzzle. Por muitas vezes o que acontece é que apenas temos felicidade às peças e se não as soubermos reconhecer, caímos no erro que pensar de não somos felizes. Tolice, pois claro. Existem vezes em que só temos mesmo as peças e construir esse puzzle de felicidade em especial, é difícil. Mas temos as peças, não se esqueçam. Se temos as peças, somos felizes.
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