quinta-feira, 19 de março de 2015

Amanhã

Amanhã há um eclipse solar, uma super-lua e é o equinócio da primavera. Amanhã entro de férias, as primeiras férias de 3 semanas da minha vida, e vou fazer 350 kms ao final do dia. Amanhã ficam as malas semi-feitas para a primeira saída do velho continente para o continente mais velho ainda. Não estou nervosa, não estou ansiosa, acho que o cansaço me deixou meio apática e só acredito que vou mesmo quando estiver a fazer escala em Doha. Tenho mil e uma coisas para fazer e estou sentada no sofá, com os olhos quase a fechar, enquanto escrevo estas palavras. Seguimos muitos caminhos e quando estamos a tomar decisões nem nos apercebemos do quanto estas podem moldar a nossa vida. Queremos ser mais e melhores, mas o cansaço é tanto que acabamos por cair em armadilhas que a nossa própria mente nos prega. O cansaço e o desejo. Nunca acreditei que é preciso fugir das coisas para as resolver, acredito mesmo no contrário. Mas talvez o mundo não seja feito à minha medida, e aprender a vê-lo, também, pelos olhos dos outros seja a maneira certa de caminhar. Não é que não se queira, tantas vezes, tomar aquele trilho, fazer aquela corrida, deixar aquela mão, que não está estendida nem recolhida. Não é que não se queira, agir como se pensa, sentir como se vê.  Não fujo, mas vou. Vou porque o trilho, seja ele qual for, está lá à frente. Necessita de movimento para ser alcançado. Movimento além do circular. Vou porque a coragem nunca me faltou, embora tantas vezes fraqueje sobre o peso do mundo. Vou porque não sei ser de outra maneira que não esta, porque não sei aceitar sem questionar e porque temos que ir para aprender. Vou pela amizade, pelo amor, pela terra, pelo mar, pela cultura, pela diferença, pelos tigres e pelas aranhas panadas. Vou pela diferença e pela aprendizagem. Vou, porque não fujo, mas preciso da distância. O outro lado do mundo nunca me pareceu tão perto, nem tão feliz.
Vou, porque sou, e vou continuar a ser, mas mais e melhor.
Vou.

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