quarta-feira, 17 de setembro de 2014

1985


Vou tentar explicar-vos o nascer deste raciocínio. Estava a fazer um exame, no meu trabalho, e a minha paciente tinha nascido em 1982. Fiquei a pensar, há deve ter 20 e tantos, fez-se um click, não 32. E com isto pus-me a pensar que já tenho 29. Quase nos 30, mesmo que faltem alguns meses.
É inevitável pensar no decorrer da vida quando chegamos a uma barreira etária. Dizem que os 30 são os novos 20, mas não tenho a certeza, ainda não cheguei lá. Se pensar como foram os 20, preferi os últimos 5 anos aos primeiros 5. Não que tenha aproveitado mais, pelo contrário, mas a maneira de saboarear os momentos foi apurada. Como um vinho que tem que ficar destapado para respirar.
Ultimamente, tenho pensado muito em que consiste este comer, trabalhar, dormir com que levamos a vida. Divirto-me bastante no interrego destes verbos que conduzem a vida da maioria, e acho sinceramente que aproveito a vida. Mas quando chegamos a uma barreira etária muitas perguntas, das quais já nos tinhamos esquecido, voltam. E quando passamos por um momento chave na nossa vida muitas novas perguntas se formam.
Desejo muito construir uma família, crescer profissionalmente e conhecer o mundo, nisto sou igual a tanta gente, senão toda a gente. Mas não me quero apressar por ver o tempo a passar. E vocês, que já tem quase 30 ou mais um bocadinho, compreendem bem a pressão, mesmo que o nosso modo de vida e as nossas escolhas sejam respeitadas. A pressão dos outros nunca me afectou especialmente, mas a pior pressão é a que exerço sobre mim própria. Tenho medo. E tento vencê-lo e conquistá-lo a cada passo no meu caminho.
Não se assustem, não estou com nenhuma crise de 1/3 de idade. Mas acho saudável questionar as coisas, percebê-las, pô-las atrás das costas.
Penso que o problema maior são os desejos que viram obrigatoriedade. Sonhei isto e tem que ser assim, exactamente nesta maneira. Sou um bocadinho casmurra e tenho dificuldade em desistir (sim, sou touro). E este momento chave na minha vida levou-me a perceber que na vida é preciso calma e aceitação. Calma para receber o que nos é dado e aceitação para compreender e deixar ir o que não nos pertence. Não tem sido fácil, nada que valha a pena o é.
Digo muitas vezes que me conheço bem. Desde a adolescência que tenho esta profunda crença que sei exactamente quem sou. É a verdade. Mas também é verdade que cresço todos os dias, acrescento a cada minuto. Temos que aprender a receber o que a vida nos dá, é verdade. Mas não podemos deixar de sonhar e ambicionar, pois é isso que nos motiva a continuar, a crescer, a ser felizes.
Não há aqui nenhuma frase brilhante ou solução final, apenas há o acreditar que se não é agora será depois, ou será diferente, o que é ainda melhor.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Happy New Year

2013 foi um ano inesperado. Tantas coisas novas, tantas sensações novas, tantos lugares novos. A coragem que nasceu não sei de onde e apoderou-se da minha vida não sei porquê. Os lugares novos, as fotografias, as recordações. Mais trabalho, mais responsabilidade e mais tempo ocupado. Mais membros na família da amizade, alguns acabados de nascer, outros ainda na barriga. Doçura, carinho e mais umas quantas sensações novas, que me foram conquistando ou que talvez tenham sido conquistadas por mim.
Foi um ano bom, contrariamente à superstição do 13.
Talvez tenha sido esse o segredo.

Feliz 2014!


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

older, but the same

"Gostas de andar de metro?
Gosto, gosto de olhar as pessoas e perceber que andamos com o coração nos olhos e nos gestos e vemos muito mas reparamos em muito pouco e por vezes caímos no erro de acreditar que somos sozinhos e sofremos e amamos sozinhos."


Respondi a esta pergunta há cerca de 3 anos... A opinião mantêm-se.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

papéis

E quando não aguento mais, rasgo todos os papéis. Rasgo tudo, apago, destruo. Começar de novo quando não existe nada a prender-nos parece mais fácil. Mas e as memórias? O que fazer com os pedaços de nós que teimam em não desaparecer? Não os guardo, para me assombrarem mais tarde. Leio-os, releio, volto a ler, até a tinta que os constitui e os mantém começar a sumir, até o papel onde estão impregnados começar a rarear e a ficar transparente, de tão frágil. Desgasto-as, as palavras e as acções. Penso em tudo até me doer a cabeça, até entender, até simplificar a complexidade da emoção humana. E quando não resta nada, ou tão pouco que já nem se consegue ler, o meu coração acalma. A minha cabeça aceita e a minha alma entende. Eu padeço da pior das características da espécie humana, eu preciso entender para aceitar. Preciso  compreender para seguir em frente. Talvez por isso prefiro andar à margem das coisas, a olhar para elas, a tentar decifrá-las. Talvez por isso tenha tanto receio, que as coisas e as palavras me possuam.
Prefiro ser eu a tê-las, do que elas terem-me a mim.